"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura." -
Charles Bukowski

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Da paixão


Disse o poeta que cartas de amor são ridículas. Mas apenas mencionou que também o são as poesias, os bilhetes, os sorrisos, os abraços, os emails e até mesmo os beijos, sim, nem eles escapam.

Tudo em que há verdadeiro amor é terrivelmente sem senso e ridículo. O que ama e cria será impreterivelmente vitima daquele que não ama e esta pleno em sua razão. Este olha a métrica, olha o vocabulário e “veja aí que porcaria é esta, ora vamos, que audácia, se considerar, poeta?! Escritorzinho de merda esse! E esses agarrados em público, meu Deus, que horror!”

Bem, meus caros, quero mais é que se fodam os críticos. Eu sinto essa necessidade, essencialmente ridícula, de escrever tão passionamente quanto amo. Assumo meu posto nesta guerra e me junto orgulhosamente as trincheiras de idiotas, sonhadores e ridículos e sigo, me deixando embriagar e ignorando os momentos de lucidez. Que se dane o dia, a casa a arrumar, o gato para alimentar, a salutar gramática oficial. O que tenho agora é a noite, o peito em chamas e uma vontade enorme de vomitar toda a poesia que me vai à alma.

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