Disse o poeta que cartas de amor
são ridículas. Mas apenas mencionou que também o são as poesias, os bilhetes,
os sorrisos, os abraços, os emails e até mesmo os beijos, sim, nem eles
escapam.
Tudo em que há verdadeiro amor é terrivelmente
sem senso e ridículo. O que ama e cria será impreterivelmente vitima daquele
que não ama e esta pleno em sua razão. Este olha a métrica, olha o vocabulário
e “veja aí que porcaria é esta, ora vamos, que audácia, se considerar, poeta?!
Escritorzinho de merda esse! E esses agarrados em público, meu Deus, que
horror!”
Bem, meus caros, quero mais é que
se fodam os críticos. Eu sinto essa necessidade, essencialmente ridícula, de
escrever tão passionamente quanto amo. Assumo meu posto nesta guerra e me junto
orgulhosamente as trincheiras de idiotas, sonhadores e ridículos e sigo, me
deixando embriagar e ignorando os momentos de lucidez. Que se dane o dia, a
casa a arrumar, o gato para alimentar, a salutar gramática oficial. O que tenho agora é a noite, o peito em
chamas e uma vontade enorme de vomitar toda a poesia que me vai à alma.